Você já parou para refletir sobre o desenvolvimento das borboletas? Os processos que elas
enfrentam até alcançar a transformação mais plena é admirável. Assim como elas, vivemos
em um constante ciclo de renovação.
Quando nascemos, somos como lagartas. Estamos descobrindo o que é a vida e temos
pouco ou nenhum conhecimento de nossa força ou capacidade. Exploramos a existência
com toda intensidade e, muitas vezes, até nos submetemos a situações inconvenientes por
pura ânsia de viver. Outras, nos sentimos subjugados e limitados a galhos e folhas por
achar que é somente isso que temos para explorar.
Quando entramos na fase de pupa, enfrentamos diversidades, aprendemos a lidar com as
perdas e entendemos que é possível que nem tudo saia como planejamos. Nessa
passagem, também temos a oportunidade de desfrutar de muitos momentos bons e basta
um olhar gentil para perceber que eles são predominantes.
Já o casulo tem papel fundamental na transformação individual, pois é em silêncio e a sós
que enxergamos o nosso próprio interior. Desse modo, ouvimos o nosso ser e conseguimos
compreender a grandeza da nossa existência, além da oportunidade de descobrir a nossa
própria força.
Como ciclo de preparação e renovação, está em nossas mãos a oportunidade de
aproveitarmos essa introspecção para nos autocuidar e prezar por aquilo que importa em
nossa rotina, como uma forma de aprender a viver bem e cultivar uma vida plena.
É nessa fase que entendemos que a vida é uma constante construção de pontes e os rios
que atravessamos, assim como na natureza, nem sempre são calmos, limpos e seguros,
mas é necessário cruzá-los para alcançar o destino. E a cada rio transposto, adquirimos
mais bagagem de potência para facilitar a travessia dos próximos.
Logo, o rompimento do casulo representa a liberdade de ser, de sentir, de explorar e de se
permitir cultivar jardins que nos preenchem com muito mais do que deixamos ao longo do
caminho. Assim seguimos, compartilhando momentos, dividindo experiências e
desbravando lugares novos em cada jornada.
Além da possibilidade de inspirar os ciclos da nossa vida com as fases de evolução da
borboleta, também podemos usá-los de inspiração no processo do luto. A perda consegue
desestabilizar qualquer fortaleza e nunca estamos preparados para isso. No entanto,
quando respeitamos todos os nossos processos e nossas fases, aprendemos a olhar para o
luto também com outros olhos.
A dor da perda, como qualquer outro sentimento, precisa ser vivida. Não podemos sufocar a
beleza da vida e limitar a existência por ela. Nessa hora temos que cultivar essa
sensibilidade e esse autocuidado para entender que é necessário chorar algumas dores,
retornar à pupa, procurar ajuda profissional, conversar com as pessoas, ou até mesmo ficar
em silêncio para escutar novamente a voz do seu ser.